terça-feira, 12 de outubro de 2010

O Passarinho Joe - Final

Joe acordou. A vista estava embaçada, seu corpo inteiro estava dolorido e a sua frente estava Jenny. Ela muito preocupada soltou um suspiro de alívio quando Joe abriu seus olhos.

- Como você está?
- Estou bem, mas dolorido...
- Sim, você deve descansar!

Se passou dois dias até que Joe pudesse andar e saltitar de novo. Jenny reparou que ele não se lembrava do fato de que havia conseguido parar no ar, mas também tinha medo de contar e ocorresse outro acidente. Para Joe ele apenas tinha caído e falhado como em todas as outras vezes. Ele nem comentou mais das aulas com a Jenny, pois pensou que ela estava decepcionada com ele por não ter progredido e quase se matado.

Certo dia, Joe chegou no ninho dela e ficou olhando para o céu. Ela perguntou o que ele olhava e ele disse:

- Deve ser lindo ver as coisas do alto não?
- Sim, no começo até é, mas é sempre a mesma coisa...
- Nunca é a mesma coisa! Você precisa enxergar além das aparências. Apesar de ser apenas a mesma paisagem, se você pousar em cada canto dela, você poderá descobrir uma paisagem particular, e isso é muito inspirador. A liberdade de voar não está em olhar tudo de longe mas sim poder olhar tudo de perto.

Jenny ficou espantada com as belas palavras sobre o significado de voar, para alguém que não pode voar. Naquele momento ela sentiu vontade de voar, de experimentar aquela palavra de liberdade. Mas sentia também que não queria sentir aquele sentimento sozinha e que precisava de Joe junto dela. Nervosa, gaguejando e com os olhos já cheios de água, disse:

- Você pode voar!
- Hehehe. Agora faz piada também?
- É verdade, aquele dia que você sofreu acidente, você evitou o pior porque você voou.
- Você está me assustando... não pode ser verdade.
- Eu fiquei com medo que você pudesse se machucar de novo. Mas a verdade é que você pode voar.

Joe ficou sério por alguns minutos. Aos poucos lhe veio a sensação que aquela memória, praticamente esquecida, que parecia sonho, era mesmo realidade. Joe sorriu para Jenny, fechou os olhos e se atirou do ninho de costas.

- Você está louco!!! Não é assim para voar, tu recém aprendeu a parar! Joe!!!! gritou desesperadamente a Jenny.

Durante a queda, Joe não pôde evitar o êxtase em que estava. De certa forma, ele ficou curtindo a queda, aproveitando o vento passando pelo seu corpo, arqueou as asas e sentiu a aerodinâmica natural de seu corpo em ação. Abriu os olhos. Olho diretamente para o chão e com um olhar confiante bateu as asas.

No ninho Jenny estava a chorar. Pensava que seu amigo, mesmo que saísse vivo daquela, não iria perdoá-la. "Zummmm"! Uma sombra azul passou muito rapidamente por ela, que saltou de susto. A sua frente pousa Joe:

- Mas então cara amiga, não vai me fazer companhia nas minhas aventuras pela floresta?

Ainda lacrimejando, Jenny engoliu o choro e disse que sim.

Os dois passavam todos os dias voando e conhecendo novos cantos da floresta. Joe era o mais rápido e mais habilidoso em vôo de sua espécie na floresta e ele justificava isso por ter aprendido a voar com uma falcão. Cada dia era uma aventura nova. Cada dia era uma paisagem nova. E no final de todos esses dias, ao olhar para a mesma paisagem vista lá de cima, os dois sabiam que nunca era a mesma.

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