Internet - Uma ameaça?

Hoje li uma entrevista com Jaron Lanier, uma das mentes por trás de diversas revoluções no mundo digital que conhecemos hoje (internet e realidade virtual) e dito pela revista Times como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Vou comentar dessa entrevista, pois nela, o Mr. Lanier aponta que o propósito da internet se perdeu e que a forma que isso está evoluindo será muito ruim para todos nós.
Lanier aponta que atualmente todas as pessoas criam e compartilham coisas na internet gratuitamente, pelo bem da coletividade. Porém, grandes empresas utilizam todas essas contribuições gratuitas para lucrarem em cima da publicidade na Web. Sendo assim, todo dinheiro que resultou do esforço de pessoas comuns se concentram nessas empresas, que, além disso, adquirem muito poder de influência. Isso com o tempo desvalorizará o indivíduo e forçará à evolução de um pensamento coletivo, assim tornando isso em um grande risco à individualidade. A unica solução para isso, apontada pelo Mr. Lanier, é utilizar um esquema em que as pessoas pagariam diretamente para as pessoas que contribuíssem com algo. Onde os autores cobrariam o que bem entendessem, fazendo com que o dinheiro não passasse apenas pelas grandes empresas de publicidade.
Andei pensando nesse assunto para tentar entender se realmente estamos numa linha de evolução onde iremos perder a individualidade. Apesar de entender a lógica de Jaron Lanier, não consigo crer que as pessoas tenderão a deixar de ser si mesmas para assumir um pensamento da maioria. Pelo menos, não mais do que ocorre atualmente, com músicas da moda, roupas,... As chamadas tendências, que muitas vezes acabamos incorporando pela sobrevivência social. Mas até mesmo com as tendências, existem pessoas que mostram sua individualidade ao criar seus próprios estilos e formas de agir. Sempre notei também que até mesmo pessoas que seguem fielmente as "modinhas", as incorporam de uma forma individual, ou seja, adaptam aquilo ao seu jeito. Portanto, para mim, a individualidade sempre estará presente, em diferentes intensidades, devido à força ou coragem de cada um. E, se por algum acaso ocorresse a perda da diferença do individuo na internet, ainda existiriam as pessoas que não estão na internet, para trazer a tona a valorização da diferença.
Adoro o conceito de internet. Informação no momento apropriado em qualquer lugar de qualquer coisa. Adoro ter em mãos a possibilidade de admirar diferentes trabalhos de mentes brilhantes e talentosas perdidas por aí, em algum lugar no mundo, seja meu vizinho ou um taiwanês plantador de arroz. Com essa ferramenta posso ter acesso a poemas, histórias, músicas, desenhos e outras produções artísticas que demonstram o poder da individualidade em sua suprema forma - a arte. Por isso, para perder a individualidade senhor Lanier, precisamos parar de ter sentimentos antes. Será que a tecnologia vai conseguir mais essa façanha?