quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Homem-máquina

Bem, como sabem, como uma pessoa das exatas que sou, mais particularmente da engenharia, não consigo me afastar por muito tempo de temas relacionados à tecnologia e afins.

O que me motivou ao assunto dessa vez foi uma reportagem passada no fantástico desse último domingo, onde foi apresentado diversas tecnologias que estão em desenvolvimento em prol da ciência e da humanidade, além de outros fatos curiosos. Dentre as invenções mostradas, me chamou muita atenção as que misturam seres humanos com máquina,como exoesqueletos, olhos artificiais, ossos artificiais, próteses inteligentes...

Integrar a tecnologia humana ao próprio ser humano é um assunto um tanto assustador e incrível. O temor está no fato da interferência séria que estamos realizando no rumo natural das coisas, no próprio ser. Mas quem sou eu para filosofar sobre isso, não é verdade? Quem sabe o rumo natural das coisas, ou dos seres humanos não seja este mesmo... Mas, realmente, aliar todo o conhecimento científico e aplicando em áreas mais humanas como áreas da saúde, permite atingir potencialidades extremamente impressionantes. Uma pessoa que não anda há 20 anos, caminhar repentinamente com o auxílio de um equipamento. Pessoas com problemas de visão poderem enxergar novamente (mesmo que seja apenas preto e branco), recuperações de lesões sérias realizadas com maior eficiência e rapidez.

Acredito que essa visão de ciência é a fronteira que a humanidade sempre desejou chegar. Desde os princípios do conhecimento, estivemos evoluindo para construir a base para atingirmos nosso estado atual. Nossa história compreendeu o desenvolvimento de conhecimento da matemática, física, anatomia, ciências biológicas, evoluindo para engenharia (aplicação das teorias) que por sua vez se especializaram em diferentes áreas. Por fim, essas diferentes áreas se relacionaram e se uniram de forma a solucionar inúmeros problemas da vida real. Portanto, nossa natureza foi capaz de compreender diferentes verdades e criar a partir daí algo completamente novo.

Porém, a acessibilidade a tais tecnologias é bem restrita, seja por interesses políticos ou financeiros. Não vejo isso como algo errado, pois é bastante compreensível proteger ou valorizar algo que é muito importante. Infelizmente, em nosso país ainda desenvolvemos poucas idéias para também termos algo para usufruir, proteger e valorizar.

Minha esperança está nas idéias. Idéias que através das pessoas possam se tornar realidade. Realidade que através da ambição possam gerar capital. Resultados (capital e idéias) que através da sabedoria possam melhorar a sociedade. Sociedade que através da educação possam mudar um país.

E quanto a primeira idéia... que tal a do homem-máquina?

5 comentários:

Stéphane Dias disse...

Muito bom o teu texto, Cezar! A ideia do 'homem-máquina' é bem interessante e não é atual. Descartes trouxe algumas inquietações sobre as questões filosóficas que cercam a dicotomia corpo-mente. Eu acredito que a tecnologia auxilia e auxiliará a humanidade se bem gerenciada, porém não creio em uma fusão tão cedo, há muito níveis até chegarmos lá, penso. Outro questionamento interessante é a questão da evolução do pensamento, que não seguiu uma linha retilínea. Por falar em Engenharia, temos o exemplo do Império Romano, um povo que legou um grande número de construções consideradas pela nossa engenharia contemporânea como obra de genialidade. Especialistas argumentam que, atualmente, os engenheiros não conseguiriam produzir obras como o Panteão e a Cloaca Massima sem o uso da computação, mas tais construções monumentais foram executadas em curtos períodos de tempo, pelo que consta na historiografia. Em termos de Medicina, também temos alguns casos, como a realização de trepanação, cujo uso data desde o Mesolítico (para alguns, desde o Neolítico), mas que na Idade Média apresentou índice de sobrevivência dos pacientes praticamente zero. Há tantos casos que nos fazem pensar que, de algum ou de muitos modos involuímos em termos de sociedade. Mas, como tu, tenho esperança nas pessoas e em suas ideias. Abraço!

BrunnoFC disse...

Bem...estive lendo o texto do Cezar e o comentário da Stéphane e achei tudo muito interessante. Primeiro, porque o assunto levantado pelo estimado blogueiro é daqueles que transcende as gerações da nossa existência. É um tema de caráter eternamente atual. O homem sempre esteve e estará nessa busca pelo avanço tecnológico e científico. Segundo, porque aprendi o que é uma trepanação e que essa palavra, embora tenha me remetido a outra de conotação chula e indecorosa a ponto de eu não citar aqui, nada mais é do que a denominação de um procedimento que consiste na abertura de um ou mais buracos no crânio, através de uma broca neurocirúrgica.
Terceiro e último, não tenho mais nada a comentar dada a limitada envergadura cultural relacionada ao meu ser pensante.
Estejam certos de que de agora em diante passarei a seguir esse blog certo de que, com o passar dos anos, terei elevado consideravelmente meus conhecimentos acerca dos mais variados e inusitados assuntos!

Um abraço e algumas trepanações, mediante recomendações médicas é claro!

Stéphane Dias disse...

Bruno, eu não quero trepanações (nem sob recomendação médica, hahaha)! Tem um pesquisador brasileiro que trata do tema 'homem-máquina' e que está tendo destaque no cenário internacional: http://democraciapolitica.blogspot.com/2011/01/entrevista-com-miguel-nicolelis.html. : )

Stéphane Dias disse...

Ah, um outro lado da moeda: http://cinegnose.blogspot.com/2011/01/o-delirio-digital-de-nicolelis-o-brasil.html. : )

BrunnoFC disse...

Oi,

li os links que mandaste Stéphane.

Eu concordo com a parte do Nicolelis sobre a política brasileira. Creio que academicamente vemos hoje uma guerra entre PhDeuses pra ver quem tem o CV Lattes mais bonitinho. Critérios de aplicação de conceitos às instituições que beneficiam mais quem publica artigo para o estrangeiro do que para quem gera tecnologias para o mercado nacional. E quanto ao Mercadante, prefiro nem comentar...vou esperar pelos fatos.

Mas o resto eu achei ainda bastante vago. Essa coisa de passar por cima do corpo.
Pra mim os problemas maiores da nossa sociedade não são os limites impostos pelo corpo e sim os limites que o nosso pensamento propõe. Quantas guerras, quantos prejuízos causamos a nós mesmos devido a preconceitos, ganância, falta de ética entre outros vícios.

Não é o corpo que nos leva à ter condutas virtuosas ou não, mas sim, os processos de decisão que tomamos usando o nosso cérebro. Não decidimos isso com os bíceps. Os bíceps vem a atuar depois que já decidimos deixar o respeito de lado e partimos para a luta corporal com nossos desafetos.

Enfim, vamos ver o que ocorrerá no curto, médio e longo prazo! Quanto ao longuíssimo prazo, deixemos para nossos descendentes! Desde já desejo sorte a eles!