segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Um olhar sobre a indústria de semi-condutores no Brasil

Já fazem alguns anos que o governo federal decidiu investir na área de Chips no Brasil. Isso se sucedeu devido ao simples fato que gastávamos praticamente todo o dinheiro que ganhávamos com a exportação para importar circuitos integrados. Esse desbalanço comercial fez o governo crer que era estratégico para o Brasil desenvolver tecnologia nessa área. Estratégia já adotada em países emergentes como China e Índia.

Esse investimento resultou em um programa, chamado Programa CI-Brasil. Esse programa tem por meta encarar três frontes ao mesmo tempo: incentivar esse setor econômico no país, formar recursos humanos qualificados e promover uma indústria nacional. Portanto o governo forma profissionais, facilita a criação de empresas, paga os funcionários e os principais custos fixos dessas empresas e espera que algum dia elas adquiram auto-suficiência contribuindo para o desenvolvimento no setor. Ao mesmo tempo financia o CEITEC que seria a fábrica que possibilitaria a criação de Chips 100% nacionais.

Mas a questão que fica é por que mesmo com tantas facilidades ainda estamos a "andar de carroças" ou comprar tecnologias estrangeiras por um preço bem elevado? Exemplificando melhor a situação, o que era esperado era poder usufruir de celulares nacionais com muitas funcionalidades e com um preço muito baixo, ou então novidades tecnológicas chegando nas lojas aparatos tecnológicos dos quais nunca ouvimos antes, como aconteceu com o IPhone a não muito tempo atrás, com o diferencial de ser brasileiro. Mas isso não ocorre, por que?

Realmente não é algo muito simples, mas também não é algo muito complicado. Não é fácil porque é necessário um produto que venda muito para justificar o preço de investimento inicial de um único projeto, que atinge alguns milhões de reais facilmente. Outro fator que dificulta é a falta de cultura no país de pensar em tecnologia como diferencial ou solução para um certo setor. Por exemplo, existem milhões de empresas e indústrias no Brasil que provem produtos ou serviços que não tem nenhuma tecnologia embutida e que, com certeza, teriam um grande ganho se tivesse. Para ilustrar a idéia, algo que não é habitual de se pensar mas que pode trazer grandes benefícios são as etiquetas digitais, que estão aos poucos sendo colocadas no lugar do antigo código de barras. Isso permite calcular a compra final de uma vez só, reduzindo filas e aumentando a produtividade de um mercado de grande porte. Existem milhares de exemplos a se citar, mas o importante é perceber que dificilmente alguém que faz Chip vai identificar grandes potenciais em todas as áreas possíveis, a não ser que realize um estudo bem exaustivo.

A indústria nesse setor está andando bem sim, mas acredito que poderíamos aproveitar a boa onda econômica e o incentivo do governo para "voar" e adquirir excelência em alguma área ainda pouco explorada em termos de visibilidade internacional. Precisamos apenas de duas coisas: idéia e ousadia.

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